3 de dezembro de 2012

UM MOMENTO - I

Neste momento de sentimento puro,
simples e modesto,
em que medito e me encontro,
por um instante mais próximo,
talvez importe dizer
que meus olhos distinguem as marcas
das sombras que se apagaram,
das pegadas na areia,
dos restos de sol poente.
Entre quadros e molduras
das vidraças que quebraram,
pressinto o vento
que balança as cortinas e restos de uma vida.
Recordações dos instantes que flutuam diante dos olhos.
Imagem de seus encantos e nossos desencontros.
Marcas de momentos e horas.
Num sorriso, as emoções retratadas;
nas lágrimas, as dores espelhadas.
E a aurora preciosa
que, das grades do meu medo,
vejo surgir por entre os montes.
Meu pensamento perdido no tempo
remonta aos ideais esquecidos
que se foram com as tempestades.
Há o marasmo de um pensamento
nas curvas das estradas,
na nitidez das mudanças,
nas pedras dos caminhos,
na inspiração dos teus lábios,
na falta dos teus carinhos.

Fernando Poeta - 1986 

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