Ei mãe!
Ouça-me e acredite que estou arrependido,
por todas as vezes que não tentei te compreender.
Por todas as vezes que não quis te ouvir,
quando me transmitias vossa sabedoria
e ficavas apreensiva quanto ao meu futuro.
Muitas vezes te fiz chorar e sofrer calada,
pois feri teu grande coração, onde guardavas vossas mágoas.
Quantas vezes abusei de minha condição de filho
e você se desdobrava para atender à meus pedidos.
A tantas privações te expuseste para que eu tivesse
o melhor possível.
Te tornasse uma heroína para me entender e me defender.
Tantas dores sentiste para que eu fosse gente um dia
e viesse ao mundo cercado de teu inesgotável amor e compreensão.
A força de vontade, o espírito de luta, bem como a jovialidade
ainda estão estampadas no teu sorriso, mas as rugas são marcas
do sofrimento, do cansaço e angústias que te proporcionei.
Os seus cabelos brancos são marcas do tempo que procuraste
me dar o que há de melhor, neste mundo onde se corre atrás
da máquina evolutiva e nos esquecemos dos nossos sentimentos,
de que o amor que sentes por nós é mais forte que tudo.
Nem o tempo, a distância ou as dificuldades do dia-a-dia
conseguem ser obstáculos para te fazer esquecer de amar vossos filhos.
Oh mãe!
Minha protetora, te fiz de serva para ficar um homem,
mas creia que eu sei o quanto errei em não retribuir
ao amor que recebi de ti.
Acredite que eu cresci e adquiri conhecimentos da vida,
agora começo a te compreender.
Graças a ti, hoje eu sou um homem, mas meu coração não está em paz,
pois quero o teu perdão.
Por todas as vezes que perdeste o sono para ficar rezando
e pedindo a Deus que me abençoasse.
Por tantas horas que vivi longe de ti, te fazendo me esperar ansiosa.
Pelos momentos tristes e aborrecimentos que sempre te causei.
Me perdoe por não te agradecer os momentos difíceis que venci com teu apoio.
Me perdoe por te fazer ouvir os meus problemas e por eu não querer ouvir os seus.
Peço a Deus que olhe por nós mas principalmente por nossas mães
que nos deram a vida e se empenharam tanto nesta árdua tarefa.
Que Deus transmita seu consolo às mães cujos filhos morreram
nos embates do dia-a-dia, nos vícios, nas doenças, nas mãos de assassinos,
num campo de guerra, nos caminhos difíceis.
Nos momentos de dor, de tristeza, de desânimo,
peço a Deus que lhes dê amparo, saúde, forças, e que irradie sobre elas
sua luz para que sigam o caminho e possam superar todos os obstáculos.
Porque mãe é vida, compreensão, esperança, coragem, paz, é toda amor.
E nós, somos filhos errantes que não procuramos compreender tudo isso,
então só nos resta pedir perdão à elas por nossos erros.
Na condição de filho saiba que a amo muito
e que procurarei dar o valor equivalente à você que apesar de tudo,
me guarda no seu imenso coração de mãe.
Fernando Poeta - 1989
Um comentário:
Parabéns, Poeta!
Poema emocionante. Peço licença para que ele seja declamado no Dia das Mães, por um dos internos que se recupera de drogadição.
Abraços,
Alvaro.
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