Abriu-se a porta
e enveredou um silêncio
casa adentro
fustigando de tristeza
um olhar vazio.
Os anos de lutas
já fazem parte do passado.
Os dias passam lentamente
lhe arrebatando as forças.
Há muito pouco na mala de viagem
porque o que restou
está restrito à alguns livros
cujas letras diminuíram com o tempo,
roupas que de nada servem,
jóias que perderam o brilho,
retratos em preto e branco.
A saudade de quem já partiu,
esta sim é grande,
e está sobejando na memória
num saudosismo quase pueril.
Não há mais nada a fazer
senão aguardar o chamado
mergulhado em silêncio e solidão,
com o corpo arquejado
pelas marcas do tempo.
Fernando Poeta - 2015
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