17 de junho de 2012

DESPEDIDA

Pode parecer insano
desprender meu corpo
desta vida ingrata,
mas este grito de liberdade
estava sufocado a muito tempo
por esta forma estranha de viver.

Tentei encontrar razões
para evitar esta despedida,
mas o vazio instalou-se em meu peito
e não há mais alternativas
para reencontrar a paz
no amanhã que me espera.

Não fique triste querida,
não vale a pena chorar agora.
O tempo já vai sumindo
e o horizonte espera os viajantes
que lentamente vão partindo
assim como eu que já me vou.

Não tarda e irás descobrir
um sentido diferente para tudo
e o quanto somos incapazes sozinhos.
É impossível negar as transformações
que se operam a cada instante dentro de nós
quando perdemos o pouco que temos.

Aprendi a não lutar contra a morte,
seria tolice me preocupar com isso
pois ela virá para todos, tenho certeza. 
Devemos lutar é contra a vida sem sentido
que corrói toda a motivação de seguir
e leva a perigosas e extremas atitudes.

Mas é tarde e não há mais saída,
todas as portas se fecharam
a minha volta e dentro de mim.
Lamento apenas não ter acreditado
que era possível voltar atrás
e reconstruir meu caminho.

Agora venho me despedir,
pois é chegada a hora de partir
e não tenho mais o que dizer,
resta somente um profundo silêncio
e uma dor que não me abala mais
porque perdi o sentido de tudo...

Fernando Poeta  - 1998

Nenhum comentário: