30 de abril de 2013

ÍNFIMO DESEJO

Aquele pobre mendigo
veio vagando lentamente,
sem saber de onde vinha,
nem para onde ia.
Naquela noite escura,
úmida e fria.
Ali prostrou-se cabisbaixo
exatamente como um objeto,
naquele espaço.
Ele era um homem,
mas os homens também são objetos
manipulados, oprimidos e explorados
também por homens.
E ali estava ele naquele espaço
preenchendo um vazio,
se sentindo vazio,
por ser apenas um mendigo
à margem da sociedade,
definhando ao relento,
sem saber se em algum momento,
ia poder trabalhar para seu sustento,
para poder ter lar e alimento.
Poder sorrir e poder amar,
sem nunca mais precisar
causar tanto constrangimento
à civilizada sociedade.
No seu íntimo uma dor lhe corroía,
na sua humildade ele só queria
um pouco de piedade.

Fernando Poeta - 1996  

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