E o colono imigrante chegou.
Depois de uma longa jornada,
desembarcou no litoral
de um país novo, imenso e rico.
Vindos de diversas nações,
surgiu a necessidade de conquistar espaços
criar raízes e prosperar,
e numa fusão de raças,
conservando costumes e tradições,
mudaram as feições criando a nova pátria.
Aos poucos desbravaram caminhos,
abrindo picadas, criando vilarejos.
Cultivando a terra nos vales e encostas,
surgiram as coivaras,
e os casebres de pau-a-pique em meio a mata
soltando fumaça do fogo-de-chão,
anunciavam a presença do homem branco.
E o colono na sua árdua tarefa,
de produzir seu sustento e criar sua família,
lutou contra índios e animais ferozes,
contra o abandono e a saudade da pátria
onde outrora deixara suas raízes.
Mas convicto que sua luta não era em vão,
continuou a cultivar a terra
para abastecer o comércio das cidades.
Com o seu suor, enriqueceu as nações de além-mar.
Hoje, o colono, homem rude e trabalhador,
injustiçado, esquecido e explorado,
carece de recursos, valorização e respeito.
É escravo do governo que ele sustenta.
Já sem forças, cede suas terras,
fruto de muitas lutas, ao agricultor moderno,
que invadiu o campo com tecnologia e máquinas
cultivando grandes áreas.
Este sim, tem recursos e é valorizado,
mas este não é colono
que precisa da terra para sobreviver.
É empresário que as custas da mão-de-obra barata
explora a terra com ganância desenfreada,
destruindo o solo, assoreando rios e nascentes,
dizimando a fauna e a flora,
na ânsia crescente de riquezas.
E o colono ficou rolando nos fundões.
A enxada já não sulca o solo,
o arado enferrujou ao relento.
O casal de velhos, de cabelos brancos,
cansados e enfraquecidos pelo tempo e pela luta
contemplam solitários e com tristeza
o mato que invadiu a terra onde tudo começou.
Os filhos cresceram e partiram para a cidade
em busca de uma vida mais fácil
de estudos e dinheiro.
E logrados pela sorte, estão em alguma favela
jogados, sem paz, sem pão e trabalho.
É difícil voltar para o campo que virou tapera,
uma terra esquecida e viver esquecidos,
entregues a própria sina.
E o colono, herói desbravador,
lamenta com grande dor
que de sol a sol cultivou seu chão
ajudando a formar uma nação,
mas perdeu seu espaço, sua terra,
sua liberdade, seus filhos,
para o dinheiro e a ganância
das gerações modernas.
Fernando Poeta - 1992
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